Envelhecimento e doenças crónicas em Portugal

Casal Sénior à beira de um lago a beber um copo de vinho


Dia Internacional do Idoso


A Organização das Nações Unidas instituiu o Dia Internacional do Idoso, celebrado a 1 de outubro, com o objetivo de sensibilizar a sociedade para o tema do envelhecimento e pela necessidade de proteger e cuidar da população mais idosa. 

 

População idosa em Portugal

O envelhecimento da população Portuguesa é um dos temas em destaque no “Retrato de Portugal PORDATA, Edição 2019”, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que disponibiliza dados sobre a evolução da população nos últimos dez anos.

A esperança de vida dos portugueses ultrapassa os 80 anos, sendo mais elevada que a média da União Europeia.

Segundo o estudo, em 2018 existiam mais 18,3% de idosos em Portugal, comparativamente a 2008, e menos 2,6% de população total. Naturalmente, o índice de envelhecimento (população com 65 e mais anos/população com menos de 15 anos) passou de 115% em 2008 para 157% em 2018. A esperança média de vida à nascença aumentou de 78,7 para 80,8 anos, com destaque para o género masculino. O saldo natural (diferença entre número de mortes e de nascimentos) apresentou o número mais baixo desde 2008, dado que, no ano passado, nasceram menos 17,6 mil crianças, que em 2008.  

Resultados semelhantes são verificados no “Ministério da Saúde (2018), Retrato da Saúde, Portugal”. Olhando para a média de idades, Portugal tem uma população envelhecida, com mais idosos que jovens a residir no país: 21% dos portugueses têm 65 ou mais anos, enquanto 14% têm menos de 15 anos. Um milhão de portugueses tem mais de 75 anos, dos quais mais mulheres do que homens. Isso explica que o número de mortes tenha vindo a aumentar, tendo sido superior a 110 mil, em 2016. Pelo contrário, ao longo dos últimos dez anos, os nascimentos têm diminuído. Em 2016, nasceram cerca de 87 mil crianças em Portugal. 

Somos uma população envelhecida, com um baixo índice de fecundidade, que se depara com novos problemas de saúde, assumindo as doenças crónicas um peso crescente.

Apesar de sermos menos pessoas, vivemos mais tempo. O estudo mostra que, presentemente, a esperança de vida dos portugueses ultrapassa os 80 anos, sendo mais elevada que a média da União Europeia.

Segundo o “Retrato da Saúde”, viver mais é uma conquista. Viver melhor é um desafio. Hoje, somos uma população envelhecida, com um baixo índice de fecundidade, que se depara com novos problemas de saúde, assumindo as doenças crónicas um peso crescente. Esta realidade revela uma melhoria geral das condições de vida, mas também o acesso aos avanços da medicina e da tecnologia, com terapêuticas e medicamentos mais inovadores e eficazes.

 

O envelhecimento e as doenças crónicas

O envelhecimento da população, o aumento das doenças crónicas e os hábitos associados aos novos estilos de vida trouxeram desafios aos serviços de saúde, ao nível dos cuidados da saúde, da promoção da saúde e da prevenção da doença.

A hipertensão arterial e a diabetes constituem as duas principais causas da doença renal crónica.

As doenças têm diferentes impactos na população, que podem ser avaliados em termos de mortalidade (morrer de uma doença) ou de morbilidade (viver com uma doença).

A hipertensão arterial e a diabetes constituem as duas principais causas da doença renal crónica. O “Ministério da Saúde (2018), Retrato da Saúde, Portugal” revela que a hipertensão arterial é um dos fatores de risco cardiovascular, que afeta 36% dos portugueses entre os 25 e os 74 anos, sendo mais prevalente nos homens do que nas mulheres e aumenta com a idade, afetando mais de 71% dos portugueses na faixa etária dos 65 aos 74 anos. Já a diabetes afeta 10% da população portuguesa entre os 25 e os 74 anos, sobretudo os homens e os grupos etários com mais idade: 23,8% dos indivíduos entre os 65 e os 74 anos.

A insuficiência renal crónica é uma das cinco doenças com o tratamento mais dispendioso e que obriga a um acompanhamento próximo.

Perante o envelhecimento da população, o predomínio das doenças crónicas e a emergente necessidade de assegurar cuidados de qualidade e custo-efetivos, foram estabelecidas políticas direcionadas para a abordagem integrada das doenças crónicas. Assim, foram identificadas cinco doenças, com os tratamentos mais dispendiosos e que obrigam a um acompanhamento próximo: insuficiência renal crónica, esclerose múltipla, tratamento cirúrgico da obesidade, tratamento intensivo da diabetes tipo 1 e a hipertensão arterial pulmonar. Depois, foram criados programas de gestão integrada da doença, com grupos técnicos de acompanhamento. Um dos exemplos é a Gestão Integrada da Doença Renal Crónica, que tem permitido uma melhor estabilização clínica dos doentes, uma diminuição da mortalidade e um controlo de custos com a hemodiálise.

 

O envelhecimento da população Portuguesa e as doenças que a afetam têm, inevitavelmente, um impacto na sociedade a vários níveis. Um deles é no investimento que precisa de ser feito no sistema de saúde para garantir acompanhamento e qualidade dos cuidados, mas também nos sistemas de apoio social e familiar, de forma a que os idosos possam viver com dignidade e amor. Façamos a nossa parte para que os idosos se sintam acarinhados, apoiados e valorizados.


Pelo Rim


Bibliografia:

Veja também:


Imagem de Sven Mieke via Unsplash