Exercício físico na doença renal crónica

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Todos conhecemos os benefícios do exercício físico na prevenção da doença cardiovascular. Na doença renal, não está provado nenhum efeito protetor do exercício físico para prevenir a progressão da doença, mas sabe-se que o controlo da obesidade, da diabetes mellitus e da hipertensão arterial beneficiam com 30 minutos de exercício aeróbio diário. Ora, como estas doenças são condições que agravam a doença renal crónica, podemos inferir que o exercício pode ser benéfico nos doentes renais crónicos. Não existem exercícios especificamente indicados ou mais adequados na doença renal crónica, mas existem algumas particularidades para doentes em cada tipo de terapêutica substitutiva da função renal.

 

Exercício físico em doentes em diálise peritoneal

Os doentes em diálise peritoneal (DP) conhecem os cuidados a ter com o cateter e o seu orifício. Este não deve estar molhado, portanto exercícios como a natação não serão indicados.

 

Exercício físico em doentes hemodialisados

Os doentes hemodialisados devem escolher exercícios que não prejudiquem o acesso de diálise. Por exemplo: exercícios como elevação de pesos ou boxe podem não ser adequados pelo esforço acrescido ou risco de impacto com o acesso vascular.

Se o acesso do doente for um cateter, então, à semelhança do que acontece com os doentes em DP, exercícios que exijam molhar o cateter não são uma opção.

 

Exercício físico em doentes transplantados renais

O exercício físico pode ajudar a combater alguns dos efeitos secundários dos imunossupressores (como o excesso de peso ou a intolerância à glicose), e promover a saúde cardiovascular.

No entanto, nenhum tipo de exercício deve permitir o impacto com o rim transplantado, para não causar risco de complicações.

Exercícios demasiado extenuantes (maratonas, caminhadas demasiado longas) também estarão desaconselhadas, uma vez que podem causar lesões musculares, cujos produtos de degradação são filtrados pelo rim e podem danificá-lo.

Em nenhum caso os doentes renais que sofram dores musculares ou lesões pós exercício físico poderão fazer analgésicos, sobretudo do grupo dos anti-inflamatórios não esteroides sem se informarem com o seu médico nefrologista.

 

 

Para além do benefício físico da prática do desporto, existe um enorme benefício psicológico que o ultrapassa, por isso, escolha uma modalidade que lhe dê prazer, não se deixe limitar pela doença renal crónica e ultrapasse esse obstáculo.

 

 

Ana Farinha - Nefrologista