Dificuldade em pagar transporte leva doentes a recusar transplante renal
Especialistas da área da nefrologia, reunidos num fórum da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT), em Lisboa, revelaram a existência de casos em que os doentes se recusam a receber um rim, por não terem como fazer face às despesas que decorrem das deslocações para tratamento, avança o SAPO Saúde. As consequências das dificuldades económicas começam a preocupar médicos e associações ligadas à doença renal crónica.
Esta decisão de continuar o tratamento de hemodiálise em vez de fazer um transplante também implica mais custos para o Serviço Nacional de Saúde.
Segundo o SAPO Saúde, as consultas de pós-transplantação regulares, que muitas vezes têm de ser feitas em unidades de saúde muito distantes da casa do doente transplantado, são o motivo da recusa do tratamento. Fernando Macário, presidente da SPT, reconhece a existência destes casos e explica que estas situações só se verificam nos hospitais que não pagam as deslocações dos doentes às consultas após a intervenção.
As diferenças entre hospitais também se sentem na forma como são distribuídos os medicamentos, sendo que alguns optam pela entrega de doses trimestrais e outros por doses mensais, afirma Fernando Macário, revelando que em alguns casos os doentes optam por falhar a medicação para evitar as deslocações ao hospital, o que pode ter consequências graves para o seu estado de saúde.
A administração de medicamentos genéricos também preocupa Fernando Macário, que diz não existir nenhuma objeção aos genéricos, mas alerta para as consequências de mudanças ao longo do tratamento: “O que acontece é que os medicamentos são mudados, consoante o seu valor vai baixando, o que pode pôr em causa a estabilidade do doente ao nível da imunossupressão, fundamental para o órgão transplantado não ser rejeitado”.
Pelo Rim
Imagem: tilt shit road de aphotoshooter sob licença CC BY-NC-ND 2.0