MyTherapy: Já existe uma app que o ajuda no tratamento da doença renal
A tecnologia evolui rapidamente para nos ajudar a lidar com os mais variados desafios do dia a dia. Como é natural, esses avanços tecnológicos também chegam à saúde para simplificar a vida de quem lida com as limitações de uma doença, como é o caso da doença renal crónica. A MyTherapy é exemplo disso. Toma de medicamentos, horários da diálise, restrições alimentares, são exemplos de tarefas que esta aplicação (app) veio para facilitar.
50% dos doentes não cumprem o tratamento à risca
De acordo com um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), a adesão ao tratamento nos portadores de doenças crónicas (como o cancro, a diabetes, a hipertensão, a depressão, entre outras) não vai além dos 50% (1). Isto significa que metade destas pessoas tendem a não cumprir com as recomendações dos profissionais da saúde em áreas como a dieta, o estilo de vida e, claro, a medicação. Os dados são alarmantes e devem fazer refletir todos os intervenientes, desde os doentes, os cuidadores, os profissionais da saúde até aos decisores políticos.
As estatísticas que existem sobre os doentes renais portugueses não descrevem um cenário muito diferente. Segundo um estudo publicado pela Escola Superior de Saúde de Viseu, em 2012, 40,9% dos pacientes em hemodiálise inquiridos apresentava uma baixa adesão ao tratamento medicamentoso (2).
O impacto destes dados não deve ser subestimado. As taxas de mortalidade e hospitalização para os doentes renais crónicos são muito superiores, e a doença tende a piorar desnecessariamente. A não adesão ao tratamento tem consequências graves para o paciente, para a sua família e para o próprio sistema de saúde.
Gerir medicação e tratamentos pode ser intimidante
Devemos, então, questionar os motivos que levam as pessoas a não tomarem corretamente os medicamentos. Há fatores económicos e sociais envolvidos, mas alguns estudos indicam que um dos grandes problemas é mesmo o esquecimento (3). Não é difícil perceber porquê. É intimidante gerir a medicação e os tratamentos. No caso da doença renal, junta-se ainda a necessidade de cumprir com os horários da diálise e respeitar uma série de restrições alimentares.
E as preocupações não terminam com o transplante. Cumprir com a medicação é essencial para garantir que não há rejeição do órgão transplantado. Até o esquecimento de uma única dose pode aumentar as hipóteses de o corpo rejeitar o novo rim. O peso desta responsabilidade é enorme. E não é fácil ter cabeça para tudo.
Foi justamente para apoiar estas pessoas, que a smartpatient desenvolveu a aplicação MyTherapy.
Aplicação MyTherapy
A MyTherapy tem como principal objetivo ajudar os utilizadores a não esquecerem da medicação. Para além dos lembretes, a aplicação oferece-lhe também a oportunidade de monitorizar a sua saúde de uma forma mais rigorosa.
A aplicação MyTherapy permite-lhe:
Controlar valores, como o peso, a frequência cardíaca e a tensão arterial e até registar o seu humor.
Agendar atividades, como o exercício físico e a própria diálise.
Partilhar o seu progresso com amigos e familiares, que conseguem assim lembrá-lo de tomar os medicamentos que se esqueceu.
Gerar um relatório de saúde que agrega os seus dados e que pode ajudar o seu médico a acompanhar o seu progresso e adesão ao tratamento.
A eficácia da MyTherapy já foi testada. Um estudo realizado em parceria com a Charité Universitätsmedizin Berlin mostrou que 89% dos pacientes que utilizaram a aplicação tomaram corretamente os seus medicamentos. Os participantes atribuíram ainda classificações mais altas ao próprio bem-estar depois de terem começado a utilizar a aplicação (4). Para além dos pacientes, também 78% dos médicos inquiridos consideraram a aplicação um recurso útil para melhorar a adesão dos pacientes ao tratamento.
Hoje, a MyTherapy está disponível em mais de 20 línguas, incluindo o português. A aplicação é totalmente grátis, livre de anúncios e pode ser descarregada através da Google Play Store e da App Store.
Saiba mais sobre a MyTherapy em: https://www.mytherapyapp.com/pt
Rita Catalão
Colaboradora na Smartpatient
Bibliografia:
Organização Mundial da Saúde (OMS). 2003. Adherence to long-term therapies: evidence for action.
Maria Elisabete Pereira Sousa; Olivério Paiva Ribeiro. 2012. Adesão ao tratamento medicamentoso da pessoa portadora de insuficiência renal crónica em hemodiálise.
Vanessa Sgnaolin; Ana Elizabeth Prado Lima Figueiredo. 2012. Adesão ao tratamento farmacológico de pacientes em hemodiálise.
A. Steinert; M. Haesner; E. Steinhagen-Thiessen. App-based self-monitoring in type 2 diabetes.