Outras complicações dos acessos vasculares
Os acessos vasculares como a fístula arterio venosa, a prótese e o cateter permitem fazer o tratamento dialítico. Como tal,devem ser bem cuidados para evitar eventuais complicações. As complicações surgem, muitas vezes, como resultado de uma utilização inapropriada do acesso vascular ou por problemas intrínsecos ao utente que afetam o acesso vascular.
As complicações que podem surgir são:
Infeção do acesso vascular
Trombose
Aneurismas
Baixo débito
Hipertensão venosa / Edema
Síndrome de roubo
Fístula arterio venosa de alto débito
Este artigo vai incidir nas quatro últimas complicações.
BAIXO DÉBITO
Está relacionado com hipotensão e desidratação associadas ou a estenoses que provoquem uma obstrução do fluxo de sangue. Pode originar a coagulação do sistema ou trombose da fístula arterio venosa.
A falta de débito propícia à recirculação, que consiste na entrada de sangue já dialisado no circuito arterial, contribuindo para uma diálise não eficaz do sangue, pois desta forma não é corretamente dialisado.
HIPERTENSÃO VENOSA/EDEMA
Em que consiste
Surge por obstrução do retorno de sangue venoso ao coração, podendo estar localizada em vários pontos da veia.
Na maioria dos casos, a obstrução encontra-se na veia subclávia (veia de grande calibre, localizada por trás da clavícula), resultante de trombose muitas vezes por introdução/permanência de cateteres na mesma. O sinal evidente é o aparecimento de circulação colateral (aparecimento de veias ingurgitadas - dilatadas) no hemitórax superior, associado ou não a edema e descoloração da pele nesta zona.
Como tratar
O tratamento consiste na administração de anticoagulantes, trombolíticos e drenagem postural até reverter a situação.
SÍNDROME DE ROUBO
Em que consiste
Este síndrome caracteriza-se por um desvio do fluxo normal do sangue que irriga a mão, para a anastomose. Existe sempre algum síndrome de roubo de sangue; contudo, quando se torna sintomático (presença de formigueiro, cianose das unhas/dedos, frio ou dormência das extremidades da mão, dor e limitação funcional) pode significar alguma gravidade.
Como tratar
Geralmente a sua reversão passa pela correção cirúrgica da fístula arterio venosa, reduzindo o lúmen ou eventual laqueação da anastomose. É mais frequente nas fístulas arterio venosas do cotovelo, devido ao maior calibre da artéria braquial.
FÍSTULA ARTERIO VENOSA DE ALTO DÉBITO
Considera-se fístula arterio venosa de alto débito quando apresenta um fluxo superior a 1500/2000 ml/min. É mais frequente nas fístulas arterio venosas do cotovelo. Apresenta como riscos a sobrecarga cardíaca e, como tal, provoca alterações hemodinâmicas ou insuficiência cardíaca.
Em suma:
Evitar complicações ou corrigir atempadamente alterações que surjam, relacionadas com o acesso vascular, é a melhor forma de manter um acesso vascular duradouro, melhorando a sua longevidade e a qualidade de vida do utente. É responsabilidade do utente e dos profissionais de saúde que prestam cuidados na preservação e correta manutenção do acesso vascular. Só desta forma se evitam complicações que podem advir.
Raquel Videira - Enfermeira
Bibliografia:
Manual para insuficientes renais.Centrodial – Centro de diálise de S. João da Madeira, 2002.
Norma da Direção Geral da Saúde nº 017/2011 de 28/09/2011, atualizada a 14/06/2012, acedido a 10 de setembro de 2015 em http://www.dgs.pt
Veja também:
Complicações dos acessos vasculares: infeção, trombose e aneurismas da enfermeira Raquel Videira.
Imagem de Elijah O'Donnell via Unsplash