Complicações dos acessos vasculares: Infeção, trombose e aneurismas
Os acessos vasculares como a fístula arterio venosa, a prótese e o cateter permitem fazer o tratamento dialítico. Como tal,devem ser bem cuidados para evitar eventuais complicações. As complicações surgem, muitas vezes, como resultado de uma utilização inapropriada do acesso vascular ou por problemas intrínsecos ao utente que afetam o acesso vascular.
As complicações que podem surgir são:
Infeção do acesso vascular
Trombose
Aneurismas
Baixo débito
Hipertensão venosa / Edema
Síndrome de roubo
Fístula arterio venosa de alto débito
Este artigo vai incidir nas três primeiras complicações.
INFEÇÃO
Em que consiste
A infeção do acesso vascular está, geralmente, associada a uma utilização inadequada da técnica de assepsia, podendo também estar associada a uma higiene deficitária ou a uma condição infeciosa do utente, com existência de um foco de infeção noutro local do organismo. A infeção da fístula arterio venosa pode conduzir à trombose da mesma, à formação de aneurismas, tromboflebites ou a infeções graves generalizadas designadas por septicémias.
Como prevenir
É fundamental uma higiene e assepsia correta do acesso vascular, seja catéter, fístula arterio venosa ou prótese, evitando, desta forma, a complicação de surgirem infeções associadas aos cuidados de manuseamento e manutenção.
TROMBOSE
Em que consiste
A trombose da fístula arterio venosa diz respeito à formação de trombos (coágulos sanguíneos) devido ao aumento de espessamento do sangue, o que pode estar relacionado com desajuste na terapêutica anticoagulante ou ao baixo debito de sangue no acesso vascular.
O baixo debito pode dever-se a hipotensão, desidratação e estenose (estreitamento) ou obstrução dos vasos sanguíneos.
São sinais de estenose:
baixa de fluxo;
aumento da pressão venosa;
aumento do tempo de hemóstase;
dilatação venosa permanente.
Como prevenir e tratar
A observação regular (vigilância do acesso vascular) e avaliação do acesso vascular utilizando instrumentos de análise como o BTM (blood temperature monitor), a correção cirúrgica de estenoses e a administração de medicação anticoagulante nas doses adequadas permitem detetar e prevenir eventuais tromboses do acesso vascular.
Do lado do acesso vascular devem ser evitados:
hematomas;
pressionar em demasia o acesso vascular durante a hemóstase;
roupas apertadas;
adornos no braço do acesso vascular;
dormir para o lado do membro com o acesso vascular;
avaliar a tensão arterial;
colher sangue.
ANEURISMAS
Em que consiste
Os aneurismas correspondem a uma dilatação de grandes dimensões dos vasos, que pode resultar de punções repetidas no mesmo local e ao aumento da pressão constante do sangue no interior da veia. Surgem nas zonas de punção ou, menos frequentemente, na zona de anastomose (comunicação entre os dois vasos) do acesso vascular.
Como tratar
Podem variar de tamanho, sendo uns mais exacerbados que outros, podendo necessitar de correção cirúrgica pelo risco de rutura.
Em suma:
Evitar complicações ou corrigir atempadamente alterações que surjam, relacionadas com o acesso vascular, é a melhor forma de manter um acesso vascular duradouro, melhorando a sua longevidade e a qualidade de vida do utente. É responsabilidade do utente e dos profissionais de saúde que prestam cuidados na preservação e correta manutenção do acesso vascular. Só desta forma se evitam complicações que podem advir.
Raquel Videira - Enfermeira
Bibliografia:
Manual para insuficientes renais.Centrodial – Centro de diálise de S. João da Madeira, 2002.
Norma da Direção Geral da Saúde nº 017/2011 de 28/09/2011, atualizada a 14/06/2012, acedido a 10 de setembro de 2015 em http://www.dgs.pt
Veja também:
Outras complicações dos acessos vasculares da enfermeira Raquel Videira.
Imagem de Elijah O'Donnell via Unsplash