A elevada percentagem de doentes renais crónicos com demência levantou a suspeita e o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, no Brasil, avançou com o estudo. A investigação, citada pelo Diário Digital, foi feita com animais e estabelece uma relação entre doença renal crónica e demência ou declínio cognitivo, provocado pela diminuição da proteína klotho.

Os animais utilizados no estudo mostraram que, tendencialmente, a insuficiência renal é responsável pelo desencadear de inflamações neuronais que afetam o funcionamento cerebral.

Cristóforo Scavone, coordenador da pesquisa, explica que “foram detetadas nos animais neuro inflamações que a dado momento levam ao desajuste da proteína klotho, que afeta o sistema nervoso”. Esta proteína regula o fosfato e a vitamina D no organismo e, segundo o estudo, a sua redução pode causar demência.

A metodologia utilizada no estudo consistiu na indução de insuficiência renal em 40 ratos através da retirada de um dos rins. As funções cognitivas foram sendo testadas através de exames comportamentais e, segundo o Dr. Scavone, todos os ratos começaram a apresentar sinais de demência algum tempo depois.

Estudos anteriores mostraram a associação entre a falta de fosfato e o envelhecimento. “Na verdade, o que ela indica é que este modelo de envelhecimento pela klotho está muito associado à concentração de fosfato”, explica o especialista.

Embora o médico reconheça a existência de diferenças entre as consequências da falta de proteína klotho em animais e humanos, afirma que “no paciente, a história é mais ou menos parecida”.

Perante os resultados da pesquisa, o especialista brasileiro recomenda atenção redobrada aos níveis de fosfato e klotho apresentados pelos doentes renais e defende que uma das formas de prevenir o declínio cognitivo é a prática de desporto. “O exercício físico desafia [e torna possível a reação do] organismo”, sublinha Cristóforo Scavone.

Pelo Rim

Imagem: © Universidade de São Paulo - Brasil