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A alimentação e os cálculos renais

 

A litíase renal é o termo médico para um problema vulgarmente conhecido como pedras nos rins. Os cálculos designam os cristais que se juntam, pouco a pouco e ao longo do tempo, para formar conglomerados de dimensões progressivamente maiores. Nos dias de hoje é cada vez mais frequente o aparecimento de cálculos renais. Cerca de 10% da população apresenta cálculos ao longo da sua vida. Esta incidência tem aumentado paralelamente a outras doenças relacionadas com a dieta ocidental, como as doenças cardiovasculares, os cálculos biliares, a hipertensão e a diabetes.

A incidência de cálculos renais varia consoante as diferentes zonas geográficas, o que reflete a influência dos fatores ambientais, a dieta e os componentes da água. Os homens são os mais afetados e a maior parte dos pacientes tem idade superior a 30 anos.

Estes cálculos provêm essencialmente de sais de cálcio (75%-85%), de ácido úrico e de oxalato.

A medida mais importante para prevenir o aparecimento de cálculos renais é a diluição da urina que se obtém com a elevada ingestão de líquidos. Além desta medida, é importante conhecer o tipo de cálculo em questão com a finalidade de se instituir uma dieta em que se evite a ingestão da ou das substâncias que compõem o cálculo.

Existem algumas considerações terapêuticas que importam saber e fazer

  • Em primeiro lugar é necessário identificar o tipo de cálculo, pois as causas são diferentes e os cuidados alimentares são inevitavelmente distintos.
  • Os cálculos que contêm cálcio são os mais frequentes. São caracterizados por um aumento das excreções de cálcio com a urina. Neste caso, a dieta deverá conter um teor de cálcio de 800 mg a 1000 mg por dia (valor que também deve compreender as águas minerais). O aporte de proteínas não deve ultrapassar 1g por kg de peso por dia (geralmente ultrapassamos esse valor), pois o excesso de proteínas facilita a excreção de cálcio. Também deve ser corrigido o aporte calórico, evitando o excesso de peso, bem como a redução da ingestão de sódio (para 6 g por dia). Finalmente, a alimentação deve ser muito rica em fibras, pois estas ajudam a reduzir a absorção de cálcio.
  • Se os cálculos forem de ácido úrico (substância que deriva das purinas, resultantes da digestão das proteínas e do metabolismo do próprio organismo), o consumo de calorias diário deve ser reduzido, bem como o das proteínas para valores inferiores a 1g / kg de peso / dia e limitando todos os alimentos ricos em purinas, como a carne, a levedura de cerveja, os produtos de caça e os frutos do mar. Além disso, deve ser moderado o consumo de alimentos com efeito acidificante, como os farináceos e os produtos refinados, o açúcar e os produtos de origem animal, incluindo os lácteos.
  • Os cálculos poderão ainda ser de oxalato de cálcio, sendo nestes casos necessário reduzir os alimentos ricos nestes compostos, como o cacau e derivados, os espinafres, as beterrabas, as ervas aromáticas, o ruibarbo, a salsa, a couve-de-bruxelas, as verduras de folha verde escura, as beringelas, o chá, o aipo e os feijões.

 

 

Lea Caniço - Nutricionista

 

 

Bibliografia:

  1. Heilberg, I.P. e Schor N. (2006, agosto) Renal stone disease: causes, evaluation and medical treatment. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, volume 50, nº 4. Acedido a 20 de outubro de 2014 neste link.
  2. Mahan, L.K., Escott-Stump S. e Raymond, J. L. (2012). Krause’s food and nutrition care process. 13ª edição. Elsevier Saunders. St. Louis.

 

 

Imagem: B0007249 Kidney stone crystals de Wellcome Images sob licença CC BY-NC-ND 2.0