Durante a 47.ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Nefrologia Pediátrica, o presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica defendeu a criação de consultas de transição entre o acompanhamento pediátrico e o adulto para doentes renais crónicos. Segundo Caldas Afonso, citado pelo SAPO Saúde, muitas famílias enfrentam "uma relutância muito grande" na altura de passagem "para o colega de adultos" e, para facilitar essa mudança, é preciso pensar e implementar uma transição que seja "calma e programada".

A Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica procurou introduzir a discussão desta problemática ao nível nacional e internacional, propondo a implementação de consultas de transição, da infância para a idade adulta, de doentes renais crónicos e sugerindo a sua criação em definitivo nos estabelecimentos de saúde.

Caldas Afonso sublinha que os médicos da área "cada vez mais passam doentes crónicos que antes morriam e, logo, os colegas de adultos manifestam necessidade em ganhar experiência com estes jovens doentes quando os recebem".

"São doentes que nos acompanham ao longo de uma vida: uma criança que cresce e é um jovem, um adolescente, e é preciso continuar com rotinas, com tratamentos. O ambiente pediátrico é muito personalizado. O ambiente de adultos é muito impessoal", afirmou o presidente Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica à agência Lusa, durante um encontro que há 30 anos não se realizava em Portugal.

O evento teve também uma componente didática associada, sendo que foram iniciadas paralelamente formações para jovens especialistas. "São cursos dedicados a jovens pediatras e nefrologistas pediatras. O curso vai prolongar-se até os próximos dois congressos, ou seja, estendendo-se por três anos. Aos países que têm menos condições formativas, porque muitos deles nem têm especialistas, foram dadas bolsas para permitirem que estejam aqui representados e em formação", esclareceu Caldas Afonso sobre o âmbito da formação.

Outro dos temas abordos nesta reunião anual foi a nova proposta de tratamento para a cistinose, uma "patologia que tem grande mobilidade e rapidamente conduz a uma insuficiência renal crónica terminal com necessidade de diálise e transplante", explica o dirigente.

Pelo Rim

Imagem: Teen Texting de Daniel Foster sob licença CC BY-NC-SA 2.0